Foi dado o primeiro passo concreto para a criação de uma internet no espaço. A parceria de Cerf com a Nasa rendeu frutos com a realização de um teste de envio de mensagens e arquivos (no caso, imagens marcianas) para uma nave a 32 milhões de quilômetros da Terra.
A nave é a Epoxi, cuja missão é encontrar o cometa Hartley 2 em dois anos e também planetas fora do Sistema Solar. Ela serviu como uma retransmissora de dados no novo esquema de rede entre as sondas presentes no planeta e a sede do JPL, em Pasadena, na Califórnia. A primeira coisa que fiz ao saber disso foi enviar um email para Cerf, que respondeu entusiasmado.
– Esse teste é um grande marco para nós, que estamos trabalhando no aperfeiçoamento da tecnologia de rede para o espaço nos últimos dez anos – disse ele. – Especialmente Adrian Hooke (chefe do projeto), que está nisso há 40 anos.
É um grande marco, também, para as comunicações espaciais em geral, já que elas passarão a ser mais abertas e automatizáveis. A tecnologia usada na internet interplanetária se chama “rede tolerante a rupturas” (DTN na sigla em inglês), e é na prática uma “net” avançadíssima, adaptada para as grandes distâncias.
Essas distâncias no cosmo se traduzem em tempo: por exemplo, para enviar dados de Marte para a Terra (e vice-versa) à velocidade da luz, gastam-se de três minutos e meio a 20 minutos. Rupturas na comunicação são comuns quando falamos em milhões (quiçá bilhões) de quilômetros, por isso a rede DTN funciona diferente da rede da internet terrestre. Aqui, se os dados enviados pela rede encontram uma ruptura, eles são descartados (como numa ligação telefônica que cai no meio da conversa). A internet espacial não descarta as informações e arquivos enviados se encontra algum problema: em vez disso, guarda-os e espera a rede se restabelecer ou procura outra rota.
– O teste foi muito importante porque botou a rede DTN mais perto de ser usada em missões “em tempo real” – diz Vint Cerf. – Já havia um outro tipo em uso, mas a rede atual tem muito mais robustez e flexibilidade, além de permitir rica conectividade para missões com várias naves.
Até agora, todas as trocas de mensagens entre a Nasa e suas naves tinham que ser agendadas e geradas manualmente por uma equipe. A internet interplanetária vai tornar tudo isso mais fácil e automático. Segundo Cerf, as conseqüências serão dramáticas tanto para missões tripuladas quanto não-tripuladas.
– A equipe que criou a rede DTN espera que os testes levem os países que já estão no espaço a adotarem o padrão, de modo que todas as suas naves possam participar de comunicações multimissão e multinacionais – aposta Cerf. – Se toda espaçonave for interoperável do ponto de vista das comunicações, poderemos, coletivamente, elaborar missões de arquitetura muito mais complexa do que se dependêssemos apenas da tecnologia de um país.
Com isso, as futuras missões – especialmente para Marte, a próxima parada na corrida espacial – poderão se beneficiar dessa cooperação e colaboração multinacional. Como uma internet 2.0 no cosmo.
– Veja, essas missões são em geral muito caras, e a possibilidade de compartilhamento de recursos de comunicação tenderá a retornar como mais e melhores informações científicas – explica Cerf.
Nesse primeiro momento, as vidas nossas de cada dia não serão afetadas pela internet interplanetária, mas com essa nova ramificação da grande rede é possível imaginar um futuro em que troquemos emails com colônias em outro planeta. Ou pelo menos com os novos astronautas a pousarem na Lua, já que um dos objetivos da agência espacial americana é voltar a fazer missões tripuladas para nosso satélite. A era dos ônibus espaciais está chegando ao fim, e já estão sendo construídos novos foguetes e cápsulas para levar os astronautas, num programa batizado de Constellation.
A nave é a Epoxi, cuja missão é encontrar o cometa Hartley 2 em dois anos e também planetas fora do Sistema Solar. Ela serviu como uma retransmissora de dados no novo esquema de rede entre as sondas presentes no planeta e a sede do JPL, em Pasadena, na Califórnia. A primeira coisa que fiz ao saber disso foi enviar um email para Cerf, que respondeu entusiasmado.
– Esse teste é um grande marco para nós, que estamos trabalhando no aperfeiçoamento da tecnologia de rede para o espaço nos últimos dez anos – disse ele. – Especialmente Adrian Hooke (chefe do projeto), que está nisso há 40 anos.
É um grande marco, também, para as comunicações espaciais em geral, já que elas passarão a ser mais abertas e automatizáveis. A tecnologia usada na internet interplanetária se chama “rede tolerante a rupturas” (DTN na sigla em inglês), e é na prática uma “net” avançadíssima, adaptada para as grandes distâncias.
Essas distâncias no cosmo se traduzem em tempo: por exemplo, para enviar dados de Marte para a Terra (e vice-versa) à velocidade da luz, gastam-se de três minutos e meio a 20 minutos. Rupturas na comunicação são comuns quando falamos em milhões (quiçá bilhões) de quilômetros, por isso a rede DTN funciona diferente da rede da internet terrestre. Aqui, se os dados enviados pela rede encontram uma ruptura, eles são descartados (como numa ligação telefônica que cai no meio da conversa). A internet espacial não descarta as informações e arquivos enviados se encontra algum problema: em vez disso, guarda-os e espera a rede se restabelecer ou procura outra rota.
– O teste foi muito importante porque botou a rede DTN mais perto de ser usada em missões “em tempo real” – diz Vint Cerf. – Já havia um outro tipo em uso, mas a rede atual tem muito mais robustez e flexibilidade, além de permitir rica conectividade para missões com várias naves.
Até agora, todas as trocas de mensagens entre a Nasa e suas naves tinham que ser agendadas e geradas manualmente por uma equipe. A internet interplanetária vai tornar tudo isso mais fácil e automático. Segundo Cerf, as conseqüências serão dramáticas tanto para missões tripuladas quanto não-tripuladas.
– A equipe que criou a rede DTN espera que os testes levem os países que já estão no espaço a adotarem o padrão, de modo que todas as suas naves possam participar de comunicações multimissão e multinacionais – aposta Cerf. – Se toda espaçonave for interoperável do ponto de vista das comunicações, poderemos, coletivamente, elaborar missões de arquitetura muito mais complexa do que se dependêssemos apenas da tecnologia de um país.
Com isso, as futuras missões – especialmente para Marte, a próxima parada na corrida espacial – poderão se beneficiar dessa cooperação e colaboração multinacional. Como uma internet 2.0 no cosmo.
– Veja, essas missões são em geral muito caras, e a possibilidade de compartilhamento de recursos de comunicação tenderá a retornar como mais e melhores informações científicas – explica Cerf.
Nesse primeiro momento, as vidas nossas de cada dia não serão afetadas pela internet interplanetária, mas com essa nova ramificação da grande rede é possível imaginar um futuro em que troquemos emails com colônias em outro planeta. Ou pelo menos com os novos astronautas a pousarem na Lua, já que um dos objetivos da agência espacial americana é voltar a fazer missões tripuladas para nosso satélite. A era dos ônibus espaciais está chegando ao fim, e já estão sendo construídos novos foguetes e cápsulas para levar os astronautas, num programa batizado de Constellation.
Fonte: O Globo