Em 15 de julho de 2010, no estado do Rio de Janeiro, foi sancionada a lei estadual 5.502 que prevê a substituição das sacolas de plásticos por ecobags ou bolsas retornáveis.
Nos EUA, ainda existe a oferta e a cultura do uso das sacolas de papel, como assistimos nos filmes norte-americanos, não que a sacolinha de plástico não exista na terra de Tio Sam, mas em Washington, os estabelecimentos também são proibidos de cedê-las e, em Nova York, o lojista é praticamente obrigado a reciclar as sacolas.
A ideia nova-iorquina é mais inteligente.As ecobags, sacolas fabricadas com material reciclado para serem usadas em todo o tipo de compra, são uma ótima alternativa para a substituição das atuais sacolas de plástico, porém, as ecobags não representam uma solução completa e definitiva ao descarte do plástico na natureza.
Devemos lembrar que o plástico também está presente nas embalagens de alimentos, roupas, eletrodomésticos, eletrônicos, material promocional e demais produtos que consumimos diariamente, afinal, no mundo do marketing aprendemos que a embalagem é a primeira atração de um produto, e o plástico tem sido o material mais usado nessa concepção.
Proibir o uso de sacolas plásticas no processo de compras ou conceder descontos à sua não utilização é apenas uma solução simbólica e de baixa responsabilidade financeira por parte de empresas, governos e sociedade.
Numa compra eventual, nem todo cidadão anda ou andará com a sua bolsa ecológica a todo momento para carregar suas compras emergenciais e impulsivas (lembrem-se , a propaganda de hoje incentiva a compra impulsiva). E nem todo consumidor levará caixas de papelão para as compras do mês.
Vale lembrar que, grande parte dos consumidores reutilizam as sacolas de supermercado em suas lixeiras de casa e do escritório, portanto, a partir do momento que as sacolas deixarem de existir, todos retornarão a comprar sacos de lixos (compostos com um plástico parcialmente biodegradável nem sempre comprovado pelo fabricante), uma situação que manterá permanente o plástico nos lixões e aterros sanitários.
A verdadeira solução seria a distribuição de sacolas de papel reciclado e de plástico 100% biodegradável em supermercados e estabelecimento, compostas por insumos recicláveis. O uso do papel e do plástico reciclado estaria na sacola e em todas as embalagens mantendo um ciclo vicioso e positivo de reciclagem que gerasse renda para o catador, cooperativa de reciclagem, estabelecimentos, fábricas, governo, gestores ambientais, e valor agregado às marcas.
Isso sim, iria beneficiar a população, formalizando o trabalho dos profissionais do lixo e mitigando o descarte do plástico na natureza. Se esta solução custa caro, o barato custará mais caro ainda.
Fernando Rebouças é desenhista e escritor. Formado em propaganda e marketing; pós-graduando em produção editorial. Site: www.oiarte.com
O artigo foi originalmente publicado no jornal Gazeta News, Flórida – EUA,no dia 16 de dezembro de 2010:
http://www.gazetanews.com/colunistas/colunistas.php?id=34&idc=1217&busca=2010-12